24/03/21

Desigualdade de gênero na contabilidade: desafio e oportunidade

O cenário econômico de 2020 gerou uma piora no mercado de trabalho brasileiro, impactando, principalmente, a força de trabalho feminina. De acordo com dados do do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de mulheres que estavam trabalhando ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020. Esse é o indicador mais baixo desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%.

É claro que a desigualdade de gênero precede a pandemia. Contudo, a necessidade de isolamento social e a nova rotina familiar agravaram um problema social já existente.

Neste artigo, mostramos esse cenário desafiador e apresentamos uma história de empreendedorismo na contabilidade, que enaltece a força da mulher.

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O InfoMoney conversou com economistas e especialistas em desigualdade de gênero para mostrar os principais pontos que fizeram com que a participação das mulheres atingisse o pior nível dos últimos 30 anos – e quais as alternativas para reverter esse quadro no mercado de trabalho.

Desigualdade de gênero: problema social exige reintegração de mulheres no mercado

A menor participação das mulheres no mercado de trabalho acende um sinal de alerta para um problema evidente: a desigualdade de gênero é desafiadora em vários setores, inclusive na contabilidade. A figura do contador de terno, gravata e cabelos grisalhos ainda permanece no imaginário coletivo.

Isso acontece, em parte, porque o capítulo da história que coloca as mulheres no mercado de trabalho é recente. Apenas na década de 70 que a força de trabalho feminina começou a ganhar mais representatividade, com mulheres exercendo profissões importantes para o desenvolvimento da sociedade.

Neste momento, a desigualdade de gênero exige um posicionamento das empresas, que precisam sair do discurso e priorizar a construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo.

Por exemplo, algumas empresas já investem em coworking baby friendly, um espaço dentro da companhia para mães deixarem seus filhos pequenos com segurança. Esse é um benefício que oferece comodidade oferecendo, inclusive, maiores chances de avanço na carreira.

Além disso, outras iniciativas de destaque são a oferta de trabalho remoto, com estrutura adequada e jornadas de expediente limitadas, bem como a equiparação entre tempo de licença-maternidade e de licença-paternidade, unificadas na expressão “licença-parental”.

De outro modo, proporcionar o desenvolvimento de lideranças femininas é igualmente relevante para  diversidade na empresa.

A contadora como protagonista do seu negócio

Muito além de esperar pela iniciativa das empresas, para reintegrar as mulheres no mercado de trabalho, outro caminho possível é escolher o empreendedorismo como jornada de carreira.

Barbara Albergaria, contadora, decidiu investir na abertura do seu escritório no último ano. Até o início de fevereiro de 2020, ela trabalhava com prestação de serviços, orientando a implantação do sistema Contábil para clientes. À época, o foco era a entrega do projeto, com o software rodando no escritório.

Com a pandemia, alguns clientes começaram a se interessar pela entrega de serviços contábeis. Então, Barbara viu ali uma oportunidade. Em abril, ela começou os trabalhos com dois clientes e o suporte do sistema Contábil. Resultado? Ela encerrou o ano com 49 clientes em sua carteira. Um crescimento exponencial.

E sabe o que é melhor? A contadora ganhou qualidade de vida. “Eu tenho horário de trabalho bem definido, das 8h às 18 horas. Assim, consigo conciliar o expediente com a família e as tarefas de casa. Além disso, como faço minha própria jornada, consigo trabalhar de segunda a quinta-feira”, comenta.

Barbara conta que um dos segredos para conduzir o negócio com sucesso é priorizar o relacionamento pessoal com o cliente, conquistando-o como parceiro e trabalhando pela fidelização. O uso do marketing digital nas redes sociais, como ferramenta de entrega de conhecimento, é outra iniciativa estratégica.

Ainda assim, o caminho para a igualdade de gênero e a inserção de mulheres no mercado de trabalho é longo. Barbara observa que muitas contadoras ainda têm dificuldade de acreditar em si mesmas. “A mulher tem muitas demandas, responsabilidades e uma dificuldade de empreender pelo medo de ‘trocar o certo pelo duvidoso’. Ou seja, o salário fixo no fim do mês pela possibilidade de fazer sua própria renda”, pondera.

A história da Barbara, fundadora da ABContábil, é pura inspiração para as mulheres, reforçando a importância do empreendedorismo feminino na contabilidade.

Gostou de conhecer a realidade das mulheres no mercado de trabalho e saber como a mulher pode se destacar? Nós adoramos! Essa é a homenagem da Thomson Reuters para todas as profissionais do setor contábil.

Escrito por: Sescon GF